sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Vida.

  
  Levantei da cadeira, cansada de ouvir palavras toscas que não eram de meu interesse. Fui até o armário e peguei um caderno antigo, mas de muito valor. Ah como eu me lembro deste caderno. Tão sinceras foram as coisas escritas aqui, tão valiosas, tão verdadeiras! Havia ainda algumas folhas em branco, peguei uma caneta e comecei a escrever naquelas folhas - Já amareladas pelo tempo - uma carta de amor. Uma carta que nunca seria lida, pois não tinha a quem entrega-la, uma carta com tudo o que eu sempre quis dizer ao amor. Escrevi até acabarem as folhas, e depois peguei outras na gaveta da sala. Escrevi até meu pulso doer, e meu coração mais ainda, escrevi até todos os sentimentos estarem naquela folha. Já em meio as lágrimas, queria mais. Queria me expressar mais, e não me contive. Peguei me celular e meus fones de ouvido azuis, e sai sem rumo no meio da rua. Eu queria gritar, chamar seu nome pra ver se você iria ouvir. Olhei para a lua implorando para que ela chegasse bem perto de mim, e me engulisse para dentro de sua forma. Olhei as estrelas do céu, desejando que eu ganhasse asas e pudesse voar até elas. No entanto, me contive, desejar demais faz mal. Mesmo assim, continuei a observar o céu escuro e melancólico. A musica gritava em meus timpanos, me hipnotizando. Não era Rock, não era Pop, mas apenas o som de um piano. Sentia cada timbre da musica pulsando em minhas veias, e dedilhei no ar, imaginando um piano bem ali, só pra mim. Minha platéia seriam as estrelas, a lua, e quem sabe, você. Sentei no chão, no meio de uma rua deserta, imaginando tudo o que disseram que não existia. Imaginei eu e você - Alias, quem é você? -, imaginei o amor em uma forma concreta. Fui sentindo o chão com a sola dos pés, o asfalto era frio, e meus pés descalços imploravam por uma cama quentinha. Apertei a mão com força contra o peito, era hora de voltar pra casa. Voltei me sentindo mais viva, mais eu. Voltei me sentindo amada, voltei ouvindo o som de um piano na companhia da lua e das estrelas. Voltei pra casa, apaixonada pela vida.


                                                                                                                                  Letícia Pacheco



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